Friday, November 17, 2006

O Grande Mestre "ALBERTO CAEIRO", momento inspirado:



(Sem título)

Acordei com uma trovoada, não sei porquê
Só sei que o meu ouvido gritou com ela
Olhei para a rua e vi relâmpagos que nunca
Tinha visto, tão brilhantes e tão longos.
A chuva caía, não consegui deixar de olhar
Curiosamente para cada gota que batia no chão
E vi a sua vida acabar com o impacto e que
Dará vida a outro ser que nem sei qual.

O meu espanto para o céu não dorme, e nem
Quero saber porquê, porque se eu soubesse,
Não via a beleza que os céus têm quando são o que são.

Como é que podem dizer que quando chove Deus chora
Chove porque chove, chove porque ninguém sabe
Deus não chora porque Deus não é homem
Só os homens é que choram, e os homens não são Deuses
E se chove Deus, Ele não existe porque se Ele existisse e chorasse
Não haveria chuva a cair mas sim lágrimas.

Vejo o amanhecer e a ultima gota da chuva cair no chão,
Olho para alem da minha varanda e vejo uma flor vermelha
Cumprimento-a, não sei se ela viu mas faço-o na mesma porque
Faz me sentir bem sabendo que não sei, e por isso mesmo o
Meu sorriso acompanha me por todo o lado, enquanto vou a passear.
Nunca sei bem para onde vou e por isso vou, e tenho pena daqueles
Que sabem, porque se eles não soubessem não saberiam quando
Estão perdidos, e podiam ver o que é realmente a verdadeira
Beleza de viver e não saber porquê nem como.

21/10/2006
Maria Fabiana de Gouveia Silva

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